quarta-feira, 5 de julho de 2017

TRABALHANDO COM ATELIÊ PEDAGÓGICO: a importância da criação e experimentação no processo de ensino-aprendizagem

  
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Foto: FERREIRA, 2017

s alunos do 4º período do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal do Piauí, Campos Ministro Petrônio Portella, Teresina – PI na disciplina de Gestão de Sistemas e Unidades Escolares, ministrada pelo Profº Baltazar Campos Cortez (Professor Adjunto do Centro de Ciências da Educação, CCE), apresentaram por meio de um Ateliê Pedagógico o tema Cidadania Participativa tendo como referência o texto “Gestão democrática dos sistemas públicos de ensino” do livro “Gestão educacional: novos olhares, novas abordagens”.
Por meio de um recurso bem interessante (o ateliê pedagógico), os alunos da referida disciplina abordaram um tema de relevância para a educação pública: a Gestão Democrática, um dos princípios constitucionais do ensino público presente no art. 206 da Constituição Federal de 1988.
Partindo do uso que os alunos fizeram deste recurso didático, surgem as seguintes questões? Como o professor pode fazer uso de ateliês pedagógicos em sala de aula com seus alunos? E qual a relevância deste recurso para o processo de ensino-aprendizagem?
Um ateliê pedagógico é um recurso que propicia um espaço experimental. Segundo Larrosa (2002) "a experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca". Felizmente o ateliê é um recurso que fornece aos alunos verdadeiras experiências. Por meio dele, os mesmos têm a oportunidade de serem artistas que se expressam, imaginam e criam.
Foto: FERREIRA, 2017
Tomemos como um dos exemplos os alunos da turma citada anteriormente. Na apresentação, os mesmos fizeram uma explanação do tema Cidadania Participativa e posteriormente convidaram os demais colegas de classe a participarem de uma construção. Na mesma, foram utilizados uma árvore de papel - confeccionada pelo próprio grupo de alunos - pincéis e pequenos papéis. No entanto, essa não era uma árvore qualquer, era justamente a Gestão Democrática que precisava como qualquer planta, de alguns elementos essenciais para a sua existência. Porém a mesma não estava completa, pois faltavam seus frutos e alguns ingredientes em suas raízes. Sendo assim, os demais alunos da turma foram chamados pelo grupo a completarem essa árvore (a Gestão Democrática) com o que para cada um era essencial. Alguns colocaram nas raízes palavras como transparência, determinação e, nos frutos palavras como participação e educação de qualidade etc. Pôde-se perceber que por meio deste momento no ateliê, cada aluno da turma saiu da sala ao final com algo significativo a respeito do tema estudado.
Essa foi uma maneira que o grupo de alunos procurou para se trabalhar o ateliê pedagógico. Mas os professores da Educação Infantil ou dos primeiros anos do Ensino Fundamental podem utilizar várias outras formas fazendo uso da pintura, da música e do teatro infantil. Os alunos podem confeccionar o próprio material de decoração da sala, fantoches, brinquedos pedagógicos, figurinos para encenações, artesanatos, jogos, produção de pequenos livros a serem utilizados por eles mesmos na sala de aula e/ou para serem divulgados. Podem ajudar na criação de uma pequena horta na instituição de ensino ou também trabalhar na produção de fotografias registrando momentos das aulas com câmeras fotográficas ou com aparelhos de celular (entendo que a fotografia é um recorte da realidade). Enfim, são várias as possibilidades.
Por meio dessas experimentações que o docente proporciona ao dar espaço para os alunos, ao deixar que os mesmos criem, é que se origina uma aprendizagem significativa onde professores e alunos são considerados atores, artísticas do conhecimento.
Os ateliês pedagógicos são capazes de propiciar vivências reais ao aluno. Os mesmos conseguem percorrer a sensibilidade, a imaginação e o toque. E podem ser muito bem utilizados com o objetivo de motivar os discentes a participarem da aula. Por meio desse recurso o aluno perceberá a importância tanto da sua contribuição como a de seus colegas na construção do conhecimento. Conhecimento este que não é intacto ou estático, mas é imprevisível, cheio de conexões como um “rizoma”.
Logo mais abaixo você encontrará algumas dicas para a criação de um Ateliê Pedagógico de pintura:

1. O espaço precisa estar previamente preparado com muitos materiais para que a criança possa escolher o material para sua expressão artística.
3. O Professor deve sempre preparara a aula; explicar a proposta, incentivar o aluno para experimentar, trazer informações e deixar o aluno criar.
4. Registro: documentar o suporte (papel, caixa, sucata, tela) que será utilizado com nome da criança, tema e técnica. O professor pode registrar o ateliê através da fotografia para que os próprios alunos ou outras pessoas possam ver posteriormente.
As obras podem ficar expostas para todos da escola e para os pais. As obras podem ficar nos corredores da escola ao longo de um semestre ou o professor pode juntamente com a instituição escolar criar um evento para a exposição. 
5. Sugestões de materiais:


Tintas variadas (todas solúveis em água);
Pinceis de variados tamanhos;
Rolinhos de espuma;
Lápis de cor, giz de cera e outros;
Papéis canson, sulfite, revistas coloridas e outros;
Tela para pintura;
Cola líquida e em bastão para atividades diversas;
Potes contendo: botões, pastilhas, lixas, folhas secas, sementes, serragem, tampinhas variadas, argolas grandes e pequenas, retalhos de tecidos, giz de lousa, carvão para desenho, borrifadores, linhas, barbantes, canudos de refresco, palitos de sorvete, rolhas de diversos tamanhos, cones de linha, massa de modelar, argila, areia...
A educação precisa mesmo é desse “toque” de sensibilidade esquecendo-se de tantas práticas pedagógicas tradicionais. O que precisa-se vivenciar atualmente são processos de ensino-aprendizagem onde o professor é o mediador e não o detentor do conhecimento.
 Os alunos necessitam cada vez mais estranhar e criar. Para Gilles Deleuze a vida e o mundo são “como um processo de criação do novo” (Coleção Pensadores e a Educação, 2009) Precisamos então, criar o novo!

Confira também o vídeo "Ateliê de Fotografia: Um Olhar Sensível para a Infância - André Carrieri" Disponível emhttps://www.youtube.com/watch?v=cV_5rOyLKcU 




"Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para a sua produção ou para a sua construção" (Paulo Freire)

Experimente, crie!
 Por Maria Carolina dos Santos Ferreira
(Graduanda do Curso de Licenciatura em Pedagogia pela Universidade Federal do Piauí, Campos Ministro Petrônio Portella, Teresina – PI)


Referências:

OLIVEIRA. M.A. M.(org). Gestão educacional: novos olhares, novas abordagens. Petrópolis, RJ, 2014. 10.ed. p.15-21

 Coleção "Pensadores da Educação" disponível em: https://filmow.com/pensadores-e-a-educacao-gilles-deleuze-t87411/ 

BONDÍA, J. L. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Rev. Bras. Edu. [online]. 2002, n.19, p.20-28. ISSN 1413-2478. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-24782002000100003&script=sci_abstract&tlng=pt

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